Crônica: “Pergunta pro Datena”, homenagem para Temístocles Oliveira

Crônica: “Pergunta pro Datena”, homenagem para Temístocles Oliveira
Texto assinado por Miguel Tadeu Guimarães de Campos
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Meu caro leitor, lembra aquela crônica do álbum de figurinhas. Pois é, às vezes fico com a impressão de que esqueci alguns personagens que não poderia ter esquecido.

Mas não tinha jeito de lembrar de todos.

Então hoje vou lembrar de um personagem que seria uma figurinha carimbada com certeza, daquelas que só faltaria ela pra completar o álbum.

E vou falar dele porque mantive com ele uma relação próxima, parental e muito fraternal. Era um amigo, um parceiro e avô dos meus filhos.

Pois é, quero lembrar de Temístocles Oliveira, ou “comandante Oliveira”, como também era conhecido.

Quem o conheceu sabe que era uma figura carimbadíssima. Todo metódico, com horário pra tudo, enfim, uma pessoa peculiar. No bom sentido. Gostava muito dele.

E o fato dele ter sido piloto comandante de uma grande empresa de aviação lhe dava a credencial para entender e analisar muitos acidentes de avião.

E era comum quando acontecia um acidente as pessoas (inclusive eu) perguntarem pra ele o que tinha acontecido. E ele respondia direitinho o que tinha acontecido, mas não bastava. As pessoas ficavam insistindo e até afirmando que o fulano tinha dito isso, o siclano, aquilo, assim por diante.

Com o tempo, de tanto explicar e não ser creditado, ele não respondia mais, apenas dizia: – pergunta pro Datena, já que você não vai acreditar em mim e, sim, no Datena, pergunta pro Datena…

Na minha área também é muito comum alguém perguntar, você explicar e a pessoa não acreditar. Prefere acreditar na conversa do boteco.

Acho que vou adotar o ”pergunta pro Datena”.

Minha homenagem ao saudoso comandante.

  • Miguel Tadeu Guimarães de Campos, 56 anos, promotor de Justiça em Campinas-SP

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